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O que o novo Ensino Médio tem a ensinar ao Enem?

Por Milena dos Passos Lima, coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino

Quando eu era adolescente, o Ensino Médio sequer era chamado assim. Passávamos do Colegial, que compreendia da 5ª à 8ª série, ao Segundo Grau, que incluía os três anos finais da Educação Básica brasileira. Dali, alguns de nós íamos para a faculdade, outros tantos, entravam no mercado de trabalho. De lá para cá – ainda bem -, fomos capazes, enquanto sociedade, de promover uma evolução significativa do Segundo Grau para o que se convencionou chamar de Ensino Médio e que, recentemente, foi novamente modificado para o Novo Ensino Médio, essa revolução nas maneiras de ensinar a aprender, muito mais conectada com a realidade extraclasse dos jovens no país.

A lição mais valiosa do Novo Ensino Médio para o Novo Enem envolve o protagonismo juvenil. Daqui em diante, a tendência é que o Exame Nacional do Ensino Médio vá, aos poucos, se alinhando com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, assim, haja um retorno ao estilo visto em 2009. Isso significa que nossos estudantes devem enfrentar uma prova mais analítica, pautada na interligação de conhecimentos, e não mais uma prova essencialmente conteudista, com poucas questões que o aluno conseguiria deduzir – ou até mesmo responder – de acordo com suas próprias vivências.

Afinal, é importantíssimo permitir que aqueles que hoje são adolescentes – e que em breve estarão à frente de profissões fundamentais para o funcionamento da nossa sociedade – possam começar, o quanto antes, a experimentar suas próprias habilidades de relacionamento, criatividade e empreendedorismo, por exemplo.

O Enem precisa acompanhar essa transformação social e de pensamento pela qual passa a sociedade. Para que o exame se alinhe com aquilo que se espera do jovem ao final da Educação Básica, ele precisa se adaptar, mostrar-se mais vinculado ao cotidiano, que é cada vez mais prático, e refletir melhor a preparação que o estudante teve ao longo dos últimos anos e aquilo que ele valoriza na vida. Isso está longe de significar uma prova mais fácil.

Com as mudanças no Novo Ensino Médio, a escola passa a olhar para os estudantes com mais interesse e respeito. Essa postura é fundamental para que o que está sendo ensinado em aula faça sentido para os jovens. O que a nova BNCC propõe é que se enxergue melhor a realidade do estudante, que se traga significado. O Enem precisa seguir o mesmo caminho, refletir uma aprendizagem que faça sentido. Esse significado se constrói com base em um contexto. E, se esse contexto não respeitar a condição juvenil, suas particularidades e vivências, ele não estará alinhado ao jovem de hoje e do futuro.

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