A busca pela popularidade é um tipo de comportamento que denuncia sinais de autoestima baixa e exige mais atenção

A psicanalista Andrea Ladislau destaca que é preciso primeiramente entender o que são “trends”: são as tendências do momento. O que está em pauta e o que está viralizando nas redes sociais. E seguindo este conceito, nas últimas semanas nos deparamos com uma trend, no mínimo, curiosa e assustadora: A “trend do corretivo”.

De acordo com ela, vídeos de alunos inalando pó de corretivo, com o objetivo de simular a utilização de entorpecentes, tomaram a internet, gerando preocupação em educadores, pais e responsáveis. Mas o que está por trás dessas tendências? Porque situações destrutivas e que suscitam riscos á saúde física e emocional, podem viralizar entre nossas crianças e adolescentes? Qual o gatilho motivador faz com que eles busquem acompanhar e fazer parte de tais “trends”?, explica.

Segundo a psicanalista, motivo pelo qual, os pais ou responsáveis devem manter uma rotina de diálogo, uma comunicação aberta, uma escuta ativa, além da abertura da possibilidade e flexibilização para que os filhos possam externar seus sentimentos e suas emoções. Sem dúvida alguma, através do diálogo é possível investigar qual a motivação leva esse indivíduo a se aventurar por ações coletivas duvidosas, viralizadas nas redes sociais.

 “Outro aspecto, muito importante, tem chamado a atenção da psicopedagogia já há algum tempo: a busca pela popularidade. Ser popular, ter a atenção de todos no ambiente acadêmico, ser querido, ser o “bom” ou a “boa”, ou mesmo ser notado. Um tipo de comportamento que denuncia sinais de autoestima baixa, complexo de inferioridade ou fobia e neurose relacionados à rejeição”, argumenta.

Andrea afirma que a subjetividade mostra que muitas são as perguntas e diversas podem ser as respostas. Mas, não podemos fechar os olhos ao que tem sido ofertado aos jovens. “Pois, visto toda a urgência e velocidade tecnológica que estamos vivenciando nos últimos anos, existe uma necessidade iminente dos pais estarem atentos ao que é consumido pelos filhos nas redes sociais”.

Estão se alimentando de que tipo de conteúdo? Estão gastando tempo e energia com que tipo de informação? Esse controle mais presente, recheado de diálogo e informação e sem imposições, é fundamental para que não sejam influenciados por ações destrutivas que possam afetar seu equilíbrio físico e emocional.

“O âmbito familiar é a base de construção do caráter, da personalidade, dos valores e do comportamental de nossos adolescentes. Enquanto a escola faz a complementação através de boas práticas de convivência, orientação sobre posicionamentos, desenvolvimento cognitivo e foco diante da construção da trajetória acadêmica deste ser humano”.

Porém, os perigos fazem parte da vida e a sabedoria está em fortalecer a comunicação, a educação e a formação do caráter e do estado emocional desse indivíduo que, muitas vezes clama por socorro, pede limites e acena por atenção e pela possibilidade de poder posicionar sua voz em muitos momentos.

“Basta que estejamos dispostos a ouvir e atender aos apelos silenciosos. Desta forma, podemos evitar a proliferação de um exército de adolescentes perdidos e sem foco, afundados em abusos e excessos, consumidos através das redes sociais”, finaliza