Para onde caminha a Educação no pós-pandemia?
Por Renato Casagrande, educador, conferencista, escritor e pesquisador em educação e em gestão e liderança
No Brasil, o Instituto Casagrande realizou uma pesquisa com 10 mil participantes de várias regiões do país. O levantamento indicou que, com o ensino remoto, crianças e jovens aprenderam menos que 30% do esperado. Isso significa que os educadores têm um grande desafio no pós-pandemia que, finalmente, parece estar no horizonte: muita aprendizagem a ser recomposta nos próximos anos.
Por outro lado, vale ressaltar que, apesar de todos os problemas gerados, a pandemia colaborou com a quebra de paradigmas e resistências que impediam ou retardavam os processos de transformação da escola. A história nos revela que mudanças abruptas não funcionam no caso da Educação – e temos consciência de que essas transformações são lentas. Mas no sistema no qual estamos envolvidos, essas transformações eram mais lentas que o aceitável.
Enquanto a sociedade já caminhava a passos largos para uma grande metamorfose, em especial na esfera digital, a escola insistia em permanecer no modelo analógico, afastando-se cada vez mais dos alunos, das famílias e da realidade fora de seus muros.
Hoje, felizmente, os docentes já percebem melhor as contribuições fantásticas das tecnologias educacionais, entendendo como essas ferramentas podem auxiliar o processo de aprendizagem dos estudantes e facilitar as rotinas pedagógicas.
Com a participação do renomado educador português Antonio Nóvoa, a UNESCO está preparando um relatório sobre o futuro da Educação. O documento afirma que, em razão de alterações demográficas, tecnológicas e no mundo do trabalho no século XXI – que são muito diferentes daquelas do século XX – haverá mais transformações educacionais nas próximas décadas do que houve nos últimos 200 anos, e que a Educação do futuro não ocorrerá apenas no interior da escola-tempo, fechada dentro de seus muros. Ela se dará em lugares diferentes e de modos muito diversos.
O relatório também menciona que a escola continua a ter um importante lugar no processo educacional e na estruturação social, apesar das previsões de muitos, que vão sendo dissipadas, de um futuro negativo para a instituição, sob afirmações de que ela dificilmente teria espaço na sociedade digital.
Para a UNESCO, pelo contrário, é preciso proteger e renovar as escolas. Essa transformação deve ocorrer no seu interior, com maior abertura no trabalho dos professores, ainda muito individualizado. Para a nova Educação, na nova escola, é preciso que os professores trabalhem em conjunto, com modelos que ultrapassem suas disciplinas, suas turmas e as paredes da escola, em novos espaços que garantam a aprendizagem efetiva por parte dos alunos.
O educador Piaget ensinou que “o principal objetivo da Educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram”. Sendo assim, o momento é de reflexão sobre novas formas de ensinar e aprender e, acima de tudo, um tempo de ação e de construção de novas rotas para a Educação.