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Os impactos do Coronavírus no mundo da Gastronomia e como contaremos estas histórias no futuro

Chef Ale Gonçalves é proprietário dos restaurantes O Fornari e da Pistache Pizza e Gastronomia. Formado em Gastronomia pela Universidade Positivo e pós graduando em Docência de Gastronomia no Ensino Superior e comanda um canal no Youtube

Alguns seguidores, alunos e também amigos donos de restaurante estão me perguntando, como é que vamos sair dessa? Bem, para todos eu sempre busco a resposta com fatos, pois assim fica mais fácil de tentarmos elaborar planos de ações para quando, isso mesmo, QUANDO a crise passar e não se, ela vai passar. Esse é o primeiro ponto, a partir do momento que traçarmos o que está ocorrendo, daí poderemos prever o que poderemos obter como resultado de acordo com as atitudes que iremos tomar a partir de agora.

É certo que, de acordo com o cientistas e técnicos, quanto mais ficarmos distantes uns dos outros, mais cedo passaremos por tudo isso, isso então leva a população para dentro de casa e desta forma deixando os bares e restaurantes vazios, estes por sua vez devem trabalhar de acordo com as indicações dos técnicos, redobrando a atenção com manuseio de alimentos, e também com a saúde daqueles colaboradores que devem continuar trabalhando. É certo que os bares e restaurantes, aqueles que permanecerem abertos terão que diminuir suas equipes, uma vez que o movimento cai, não há porque manter a equipe completa. De momento, a saída mais óbvia seria trabalhar com foco total no delivery, mas ocorre que somente esta frente de venda não resolve o problema de queda de faturamento. Entendamos então, ora se o consumidor irá pedir mais pelo delivery, isso significa que a concorrência aumentará muito, além disso o consumidor não pedirá comida pelo delivery todos os dias, e se pedir optará pelos produtos mais baratos. Será natural que as famílias comprem produtos de primeira necessidade e comecem a cozinhar mais em casa, tal qual fazíamos a pouco tempo atrás, as famílias estão se redescobrindo como tal.

Alguns estudos demonstram que os bares e restaurantes que ainda se mantem com o delivery e o chamado Take Away (venda balcão), não aguentarão mais do que 30 dias atendendo apenas nestas modalidades, ou seja estamos quase todos fadados ao fechamento de estabelecimentos, tendo em vista que o mercado atual que é bastante informal e que poucos possuem algum tipo de fôlego financeiro.

É hora de se reinventar, fazer diferente, pensar diferente, nunca passamos por uma crise tão séria, não existe manual técnica para isso, não existem estudos de casos ainda, talvez daqui a alguns anos, mas não agora.

Estamos vivenciando a história na pele, lembraremos disso tudo daqui a alguns anos e contaremos estas histórias para nossos netos e as formas as quais passamos pela crise e como o nosso restaurante sobreviveu, contaremos as histórias inclusive de como melhores restaurantes do mundo tiveram que vender marmitas para sobreviver, claro que não acreditarão, mas teremos fatos e documentos que comprovarão nossas conversas. Contaremos como o DOM em São Paulo teve que ficar fechado, como o Eleven Madson Park em Nova York teve que fechar as portas e de como o Alínea, renomado restaurante do chef Grant Achartz resolveu vender marmitas Gourmets para sobreviver e pagar seus colaboradores. Enfim, teremos muitas histórias para contar, muitas lembranças para compartilhar, algumas tristes e outras felizes, pois como disse no início do texto, não se trata de se, sairemos desta crise, mas sim de quando sairemos. Acredito sempre no melhor, sempre na boa notícia e no lado bom de tudo. Infelizmente alguns estabelecimentos fecharão as portas, mas outros muitos permanecerão e sairão mais fortes ainda, mas talvez com muito mais consciência do que a Gastronomia será daqui para frente.

Que Deus nos ajude, pois momentos piores estão por vir. Tenha fé, fique em casa e se proteja!!

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