Menos lixo, mais segurança
A transformação de condomínios em fortalezas eletrônicas aumenta, por certo, o sentimento de segurança dos moradores, porém nem sempre é eficaz na hora em que tais equipamentos são exigidos, pois sua eficiência depende do elemento humano que os controla
Além disso, o custo de instalação e operação de tal “infernalha” pode chegar à casa de dezenas de milhares de reais, quantia inviável para a quase totalidade dos prédios.
Existe, porém, uma maneira simples e prática de aumentar a segurança dos condomínios sem onerar os proprietários. A solução é tão singela que parece até risível. Trata-se da implantação de um programa de reciclagem e venda do lixo produzido pelos moradores do prédio. É isso mesmo. Explicamos melhor
Como demonstrado em inúmeros relatos, uma das maiores vulnerabilidades da segurança em edifícios é a falta de preparo dos funcionários, decorrente do pouco tempo que ficam no emprego, provocado pela baixa remuneração recebida (entre outros fatores). Só age com eficácia, por exemplo, o porteiro que conhece cada um dos residentes no prédio, que sabe distinguir quem é visita de quem é estranho. Também o conhecimento das pessoas entre si ajuda a manter a coletividade protegida contra ameaças externas.
Pagar melhores salários, treinar continuamente os funcionários, motivá-los, evitar a rotatividade, impedir também a rotina indulgente são medidas que ajudam a melhorar o escudo invisível que envolve o edifício, além de outros aspectos como uma boa iluminação, ausência de plantas e árvores na faixa de 0,5 a 2,0 metros de altura (atrás das quais alguém poderia se esconder), uso de cores claras, visibilidade total. Tudo isso, porém, custa dinheiro.
Um programa de reciclagem e venda do lixo produzido pelos moradores, além de ser social e ecologicamente correto, trará recursos para a implantação de medidas de segurança a todos. Sugerimos que pelo menos 50% da receita obtida com a venda do lixo seja destinada a um fundo em favor dos empregados, com distribuição anual. Isto fará com que diminua a troca de funcionários, sem aumentar as responsabilidades trabalhistas do condomínio. O resto da receita pode ser utilizado em treinamento, em compra de cal ou tinta para manter despichada a rua em frente, e assim por diante.
Em Curitiba, centenas de condomínios já fazem a reciclagem e venda do lixo. Separando papel (revistas, jornais), vidro, metal (latinhas de cerveja), plástico (embalagens), conseguem aumentar a receita do mês sem maior esforço. Se parte do dinheiro inferido beneficiar diretamente os funcionários, não será preciso muito esforço de convencimento para a implantação do programa.
Luiz Fernando de Queiroz é autor do TPD-Direito Imobiliário e do Guia do Condomínio IOB, e-mail lfqueiroz@grupojuridico.com.br