O boom dos bancos digitais e o impacto na inclusão financeira
Por Yasmin Melo é especialista em mercado financeiro e diretora de Marketing da Phyllon Bank
O consumidor brasileiro está cada vez mais digital. A pandemia de Covid-19 acelerou a preferência pelas operações on-line e gradativamente a população incorporou novos hábitos, como compras pela internet, videoconferências e até consultas médicas. Com os serviços financeiros não é diferente.
Os clientes não estão apenas preferindo realizar as operações bancárias (pagamentos, transferências) de forma on-line, mas também optando pelos canais digitais na hora de abrir uma conta. Resultado do crescimento dos bancos digitais e das fintechs.
As fintechs atuam por meio de plataformas on-line e oferecem serviços digitais inovadores por conta do uso intenso de tecnologia. E estão presentes em várias categorias: de crédito, de pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, negociação de dívidas, câmbio, e multisserviços.
Pesquisa da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) mostra que as contas abertas nos canais digitais registraram um aumento de 90%. E as contas digitais já são responsáveis por 80% dos pagamentos de contas. No ano passado, houve um aumento de 64% no número de transações realizadas pelo celular.
Os consumidores querem agilidade, atendimento personalizado e, principalmente, menos custos. E estas são as principais vantagens oferecidas pelos bancos digitais – e aqui não estamos falando das instituições tradicionais com internet banking e sim dos bancos 100% on-line que, em sua maioria, não cobra tarifa de manutenção, por exemplo. São algumas das razões que explicam porque os bancos que operam exclusivamente na internet caíram tão rapidamente na graça dos brasileiros.
O crescimento das alternativas aos bancos tradicionais é essencial para diminuir a concentração no sistema financeiro do Brasil. A falta de concorrência entre os bancos é uma das principais responsáveis pela alta de juros no país.
A popularização dos serviços financeiros pelos canais digitais também é primordial para promover a inclusão financeira. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 – Perfil das Despesas, divulgada pelo IBGE, revelou que a proporção de brasileiros que viviam em famílias em que ninguém tinha ao menos um dos serviços bancários foi de 16,7%.
Apesar da desburocratização das contas digitais, do crescimento das fintechs e do aumento das transações on-line, ainda há muito para se conquistar quando o assunto é inclusão financeira. O acesso aos serviços bancários on-line promove inúmeras vantagens para famílias, empresas e também para o estado. Economiza tempo, facilita o acesso da população a serviços e benefícios, garante mais segurança ao diminuir as operações com dinheiro vivo e reduz custos para empresas, entre outros benefícios.
O aumento do número de bancos digitais já começa a mudar o perfil do mercado financeiro do país. É preciso continuar crescendo para que os benefícios deste novo cenário beneficiem ainda mais brasileiros.