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AMOR QUE SE FAZ FÉ

É legítimo afirmar que a fé precede o amor?

Parece que, entendendo o amor como um afeto que nasce a partir de uma experiência, poderia sim, ser ele o princípio causador do desejo de “saber mais” para somente, no a posteriori, buscar condições para dar razões da fé ou poder sustentar um posicionamento implicado que culminaria na “profissão da fé”. Então, é “a fé que se faz amor” (BOFF, 2015, p. 27), ou é o amor se faz fé? Parece que depois de haver experimentado o amor, passa-se a refletir racionalmente sobre ele para então “só depois” dar testemunho de fé. Então quem vem primeiro é o amor.

Então a fé seria o terceiro momento de um caminho a ser percorrido pelo ser humano que busca conhecer para acreditar. Mas o ponto inicial é o amor que surge quando se faz a experiência com o Mistério Sagrado, o qual não se compreende totalmente, mas é possível deixar-se envolver por Ele.

Quando se faz a experiência do amor, diga-se de passagem, uma experiência que nos atravessa, nos desnorteia, surge então o desejo de saber mais, de aprofundar o sentido do vivenciado e nasce a fé que, em semente ainda, que após uma minuciosa verificação, observando prós e contras, então o sujeito divido, atravessado por uma realidade que não compreende na totalidade, procura adquirir condições de posicionar-se e defender ou afirmar no quê ou em quem crê e dar razões de sua profissão fé.

Portanto, a fé não é uma experiencia cega e alienada, mas a fé é fruto de uma construção que se faz ao longo de toda vida. Essa atitude possui na raiz o amor que levou Santo Agostinho a afirmar: “tarde te amei, tarde te amei… buscavas fora, quando na verdade estava dentro”; que o levou a concluir que: “Deus é mais íntimo em mim do que eu mesmo”. Assim, a fé é uma verdade, que necessita da razão para fundamentar e que se alcança a partir da experiência do e no amor.

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