Animais amputados têm vida normal
Foi a falta de uma das patinhas do cão sem raça definida Toy, que fez o gerente de projetos Francisco Xavier da Costa Aguiar Junior optar pela adoção do animal
Vivendo em Curitiba desde 2018, o paulistano sempre conviveu com animais e, ao ver o novo amigo em um site, não teve dúvidas e entrou em contato com o Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar), para conhecê-lo pessoalmente.
“Sei que muita gente tem preconceito, mas eu queria fazer diferente. O amor envolvido é o mesmo [de um animal com todas as patas], e é muito bacana vê-lo feliz, com três patas e super bem adaptado”, comenta. “Recomendo a todos que queiram adotar”, completa.
O novo tutor conta que o cão é superinteligente e se adaptou bem às regras do apartamento em que ele vive no Centro de Curitiba, sempre ao som de boa música. Ele também já responde a comandos e só faz as necessidades quando vai para a rua.
“Os passeios acontecem de três a quatro vezes ao dia sem nenhuma dificuldade pela falta da patinha”, reforça Francisco. A Praça Osório, no Centro de Curitiba, é o cenário das caminhadas.
Vida normal
Toy vivia na rua, sem tutor, e foi resgatado pela ambulância da Rede de Proteção Animal e tratado, depois de ter sido atropelado. Outros animais abandonados atropelados nas ruas da cidade também ganham a chance de encontrar um lar e uma família. A amputação não demanda muito mais cuidados, de acordo com a veterinária da Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba, Cláudia Terzian.
“O animal se adapta muito rápido à condição e ele mesmo nem percebe a falta de alguma das patas depois de pouco tempo”, afirma. “A maior dificuldade de adaptação é mesmo do ser humano”, lamenta.
De acordo com a veterinária, os cuidados médicos, na grande maioria das vezes, são os mesmos para todos os animais. A única preocupação extra com os amputados é a de manter uma alimentação balanceada e evitar a obesidade.
“A sobrecarga nas articulações pode causar mais dor e desgaste e ele não vai poder nos contar isso a tempo de resolver o problema de forma mais simples”, alerta. Para garantir a integridade e ajudar a manter o peso saudável, atividades físicas de baixo impacto e com duração de 30 minutos a uma hora – como as caminhadas tão comuns com os tutores – estão liberadas.
Temperamentos variados
O comportamento também não é afetado pela perda dos membros. Dos cerca de 10 cães atendidos pela ambulância de resgate animal da Rede de Proteção, que precisaram de amputação e estão no Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar), há todos os temperamentos.
“Temos os mais brincalhões e os mais calmos. Eles continuam correndo e pulando, independente de qualquer coisa”, conta Cláudia. “O que fica mais complicado é pular portões para fugir, o que é uma vantagem para a guarda responsável”, brinca.
Alguns dos amputados à espera de uma nova família no Crar, podem ser conhecidos em um álbum na página da Prefeitura de Curitiba e da Rede de Proteção Animal no Facebook. Quem se interessar por um deles ou quiser conhecer os demais, pode agendar um horário e ir até o Centro, que fica na CIC.
Centro de adoção permanente
Além dos animais resgatados pela ambulância, diversos outros, vítimas de maus-tratos e apreendidos em fiscalizações da Rede de Proteção Animal, estão no Crar esperando por uma nova família. Todos os animais são castrados, desverminados e microchipados.
Serviço Centro de Referência para Animais em Situação de Risco Local: Rua Lodovico Kaminski, 1.381 Horário: segunda-feira a domingo, das 9h00 às 12h e das 13h30 às 15h30. Agendamento pelo WhatsApp: 41 99963-0233. |
LEGENDA: Francisco Xavier da Costa Aguiar Junior adotou o cão Toy no Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar). Toy vivia na rua, sem tutor, e foi resgatado pela ambulância da Rede de Proteção Animal e tratado depois de atropelado – Foto: Daniel Castellano / SMCS