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Economista alerta sobre as armadilhas do crédito e superendividamento

Marcelo Valle, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica que a combinação entre falta de educação financeira e crédito fácil leva muitas famílias a se enrolarem com dívidas impagáveis e aponta caminhos para sair dessa situação. Diversos fatores contribuem para o atual endividamento. Um dos principais é a facilidade cada vez maior de acesso ao crédito: muitas pessoas têm dois, três ou até mais cartões, além de diversas linhas de financiamento. O problema é que boa parte da população nunca teve uma formação sólida em educação financeira e acaba assumindo compromissos sem ter real noção do impacto no orçamento. Além disso, as despesas essenciais pesam cada vez mais: alimentos, tarifas públicas, impostos, combustível e mensalidades escolares sofreram reajustes significativos. E um fator recente, mas bastante preocupante, é o aumento do endividamento com jogos de azar e apostas virtuais, que tem levado famílias inteiras à bancarrota.

O principal risco de pegar empréstimos parA quitar dívidas antigas é continuar alimentando o ciclo do endividamento. Trocar uma dívida antiga por outra nova só faz sentido se o novo empréstimo tiver juros mais baixos e um prazo que permita melhor organização financeira.

O primeiro passo que alguém endividado deve tomar para organizar as finanças e sair do vermelho é ter clareza do tamanho da dívida: saber quanto se deve, para quem e em quais condições. Em seguida, é essencial revisar o padrão de consumo e identificar o que pode ser cortado. A reorganização financeira exige honestidade, disciplina e, muitas vezes, decisões difíceis.

Pequenas atitudes no dia a dia podem ajudar a manter as contas em ordem.  Cozinhar em casa, planejar as compras, controlar o uso de energia elétrica e evitar desperdícios são exemplos. Compartilhar caronas ajuda a economizar e ainda melhora o trânsito. O segredo está na disciplina: anotar gastos, planejar refeições, evitar o consumo por impulso e ter consciência do impacto de cada hábito no orçamento mensal.

O erro mais frequente que as pessoas cometem ao tentar sair das dívidas é alongar indefinidamente as dívidas, criando a falsa sensação de alívio ao fazer novos empréstimos ou usar o cartão para ganhar tempo. Isso mascara o problema real, que é o desequilíbrio entre receitas e despesas. É possível renegociar dívidas de forma vantajosa. A renegociação deve ser feita com planejamento. Antes de fechar um acordo, é importante avaliar se a nova condição cabe no orçamento e se haverá capacidade real de cumprir os pagamentos.

Quem vive de renda variável ou trabalha na informalidade deve ser ainda mais cauteloso. Como a receita não é fixa, é fundamental manter uma reserva financeira equivalente a, pelo menos, três meses de despesas. Isso garante uma rede de segurança em caso de imprevistos, como foi, o lockdown na pandemia da Covid-19, que pegou muitos informais de surpresa e os levou à instabilidade financeira.

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A educação financeira é fundamental para bons hábitos de consumo e uso do crédito

Foto: divulgação

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