Pe. Osni dos Anjos

Na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, o Papa Francisco abordou praticamente todos os aspectos que se referem à cultura atual: economia, bem comum, comunicação, tecnologia, ciência, antropologia, política, ecologia, linguagem, religiões; mas sobretudo explorou esboços concretos sobre as questões cruciais que ocorrem e que são importantes no mundo contemporâneo: violência, crise, exclusão, busca de dignidade, respeito à vida, liberdade, exploração e diálogo. 

Aborda ainda o campo da psique humana e comportamentos sociais como egoísmo, individualismo, espiritualidade, conforto, ganância, prazer, satisfação pessoal, perda de significado ou solidão. Mas é no início do texto que aponta um dos mais avassaladores males da cultura capitalista, que é o individualismo, enquanto consequência imediata da oferta de consumo (EG 2). 

A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco, de 24 de novembro de 2013, tornou-se um grande anúncio profético para esses tempos tão conturbados. O Papa convoca a Igreja a uma verdadeira conversão pastoral, superando o comodismo, de modo que essa Igreja deve se colocar “em saída” (EG 17), ou seja, “primeirear” (EG 24) e, acima de tudo, “envolver-se” (EG 23).

Uma “Igreja em saída” é uma Igreja decididamente missionária, capaz de sair da “autorreferencialidade” para chegar a todos, para anunciar a libertação que deve ser universal, ou seja, não pode excluir ninguém. A “Igreja em saída” exige mais do que um êxodo geográfico, mas sobretudo demanda à saída ideológica, com mudanças culturais e revisões históricas de concepções que não condizem mais com esse tempo. 

Na Evangelii Gaudium o clima é de alegria, atitude própria de quem tem fé e é  convocado a sair e evangelizar colocando-se nos passos de Jesus de Nazaré, o ungido de Deus, para fazer acontecer o seu programa missionário segundo o qual os pobres são evangelizados, aos cegos e aos oprimidos é proclamada a libertação e um ano da graça do Senhor. Cada época possui suas grandes mudanças e suas crises próprias, e essa é uma verdade irrefutável, todavia a Boa-nova da salvação, que é Jesus Cristo, não envelhece e segue com seu potencial infinito de atualização