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Ilustração: IPPUC

Ônibus elétricos e intermodalidade redesenham a lógica do transporte

A operação de ônibus elétricos prevista nos projetos do Inter 2 e do corredor Leste-Oeste é uma iniciativa da Prefeitura de Curitiba como parte do redesenho da lógica dos serviços de mobilidade urbana na cidade

Aliado ao transporte público, também estão em curso na cidade as intervenções de ampliação, em 200 quilômetros, da malha voltada à ciclomobilidade definida no Plano de Estrutura Cicloviária e ainda o Projeto Caminhar Melhor, de melhoria de calçadas e da acessibilidade em todos os níveis.   

A eficiência energética e a redução de emissões de CO2 é o foco dos projetos em curso no município, conforme as diretrizes do Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima).

O mapa estratégico do Programa de Mobilidade Sustentável, traçado pelo município em conjunto com a World Resource Institute (WRI) – Brasil, está estruturado em quatro grandes estratégias: descarbonizar a frota do transporte coletivo; atrair usuários para o transporte público; promover a mobilidade ativa e estabelecer a cultura de gestão de dados e inovação.

“São estratégias também previstas no plano de governo que ganham força quando combinadas e integradas entre si”, afirma o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, Luiz Fernando Jamur.

Cada uma dessas estratégias, tem metas claras a serem alcançadas ao longo dos anos até 2050. No que se refere à descarbonização da frota do transporte coletivo, hoje apenas 4% da frota é composta por ônibus de energia limpa ou de baixa emissão, pretende-se que até 2030 33% da frota seja de zero emissão e 100% em 2050.

A entrada em operação dos ônibus elétricos se soma a outras diretrizes e ações da Prefeitura com vistas a consolidar Curitiba numa trajetória de alcance da neutralidade de carbono. “Tornar o transporte público competitivo é uma prioridade. Nosso objetivo é criar atratividade para recuperar os usuários perdidos ao longo dos anos e trazer novos usuários para o sistema de transporte”, observou o presidente do Ippuc.

Além dos veículos movidos a nova matriz energética, as estações projetadas para o Inter 2 e BRT Leste Oeste terão autossustentabilidade energética e servirão como polos de integração intermodal com a mobilidade ativa e compartilhada.

Ônibus elétricos e terminais e estações com sustentabilidade energética reforçam o compromisso de Curitiba com as mudanças climáticas - Ilustração: IPPUC
Ônibus elétricos e terminais e estações com sustentabilidade energética reforçam o compromisso de Curitiba com as mudanças climáticas – Ilustração: IPPUC

Desafio do Clima

Curitiba tem uma série de programas e projetos municipais com vistas à mitigação e a adaptação da cidade aos eventos climáticos.

Já em 2017, o município incorporou as estratégias da Agenda 2030 da ONU e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como aderiu ao Pacto Global, iniciativa das Nações Unidas para fomentar o engajamento das empresas em políticas de responsabilidade social e sustentabilidade.

O projeto de eletrificação da frota do transporte público atende diretamente ao ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis, metas 11.2 e 11.6; ODS 13 – Ação contra a Mudança Global do Clima, metas 13.2 e 13.b; e ODS 17 – Parcerias e meios de implementação, metas 17.16 e 17.17.

Também em maio de 2018, foi assinada pelo prefeito Rafael Greca a Carta de Compromisso da Cidade de Curitiba com o relatório Deadline 2020 – Meta 2020  do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima, referente ao Planejamento de Ação Climática (PAC) que tem como objetivo fazer com que a cidade atinja a neutralidade das emissões de carbono em 2050.

Redução de emissões

A estimativa é que a eletrificação da frota da Linha Inter 2 e do corredor Leste-Oeste contribua para a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) na ordem de 143.238 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano, representando um ganho significativo à qualidade do ar. Estima-se que a poluição atmosférica contribua para 7 milhões de mortes prematuras por ano, enquanto 92% da população mundial respiram ar de qualidade tóxica (OMS, 2016).  Estudo realizado sobre o estado da qualidade do ar no Brasil pela WRI Brasil em 2020 destacou que a poluição do ar é responsável, anualmente, por 51 mil mortes no Brasil (OPAS, 2018).

Para a introdução dos ônibus elétricos na frota do transporte coletivo em substituição aos veículos movidos a combustível fóssil foram utilizadas a ferramentas e metodologia produzidas pelo C40 Cities em colaboração com BuroHappold Engineering, London School of Hygiene and Tropical Medicine e Cambridge Environmental Research Consultants para quantificar os benefícios da melhoria da qualidade do ar sobre a mortalidade e morbidade e o consequente valor econômico. O método é baseado em uma lógica de percurso para mapear como uma ação climática se traduz em um output nas condições ambientais, que afeta a qualidade do ar como um resultado, e por fim tem um impacto social, econômico ou ambiental.

De acordo com estudo realizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, considerando o cenário de substituição de 30 ônibus Padron, 40 ônibus articulados e 80 ônibus biarticulados por 150 ônibus articulados elétricos, estima-se uma redução de 143.238 toneladas de dióxido de carbono equivalente, o que representa cerca de 4% das emissões totais de Curitiba, e mais de 6% das emissões do setor transporte, considerando o ano-base de 2016.

O Plano de Estrutura cicloviária é um reforço à promoção do deslocamento limpo - Ilustração: IPPUC
O Plano de Estrutura cicloviária é um reforço à promoção do deslocamento limpo. Ilustração: IPPUC

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