OMS aponta que a miopia pode afetar metade da população mundial até 2050
Projeções feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que até 2050 cerca de metade da população global será afetada pela miopia. São quase 5 bilhões de pessoas.
Erros de refração como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, além da catarata são as principais doenças oculares dos brasileiros. O glaucoma, maior causa de cegueira entre os pacientes, também figura nesta lista e já atinge cerca de 3 milhões de pessoas, quase duas vezes a população de Curitiba.
Para Heloisa Giacometti, oftalmologista, todas essas doenças poderiam ser evitadas com consultas periódicas ao oftalmologista e com cuidados preventivos. “Grande parte das doenças oftalmológicas são diagnosticadas apenas dentro do consultório médico. Muitas vezes, elas são assintomáticas”, defende a médica.
Cada faixa etária tem seu foco de prevenção. Entre os bebês, por exemplo, é preciso identificar se existe algum fator que impeça o desenvolvimento ocular. Já no nascimento é feito o teste do olhinho. Na infância e na adolescência é possível identificar se ainda há fatores de risco no desenvolvimento ocular, como erros refracionais e possibilidade de ceratocone, alteração coreana relacionada à alergia ocular. Na fase adulta, a recomendação é de que as consultas sejam anuais.
Prevenção e cuidados
Entre as principais causas das doenças oculares estão fatores genéticos, climáticos e também comportamentais. Diabetes e Hipertensão também podem afetar os olhos e merecem acompanhamento. O uso excessivo de telas explica parte do problema.
“Quem trabalha ou estuda e passa muitas horas em frente ao computador ou celular sente aquela dificuldade no final do dia. Muitas vezes, o excesso da luminosidade causa cansaço visual, levando ao desconforto ocular. Há também o olho seco, quando nos concentramos em uma tela, estudos indicam que há redução de 70% no ritmo de piscar. Lentes de descanso com filtros para uso de telas podem ser suficientes nestes casos”, diz a médica.
Além disso, fatores como tempo seco e ar condicionado também influenciam. Por isso, é importante lembrar de piscar mais e alternar períodos olhando para o horizonte, para tirar o foco da tela.
Outro cuidado diário é com a hidratação dos olhos. Muitos pacientes confundem lágrimas artificiais – que contribuem para a hidratação ocular – com colírios que tiram a vermelhidão dos olhos. Estes produtos, além de ressecarem ainda mais a região, também são contraindicados para pacientes que têm glaucoma, já que trazem uma série de conservantes em sua formulação e podem desencadear crises da doença.
Procedimentos estéticos
Além de visitas periódicas ao oftalmologista, da hidratação adequada dos olhos e do uso equilibrado de telas, outra forma de evitar doenças oculares é cuidar da higiene das lentes de contato. Nestes casos, a médica indica que o paciente sempre siga as recomendações da embalagem de lentes e do médico. Também não é recomendado o uso de óculos com lentes genéricas, compradas em farmácias ou feiras.
Pacientes também precisam estar atentos à qualidade dos óculos de sol. “Ter cuidado com esses óculos piratas, que não trazem na lente filtros contra radiação UVA e UVB, porque na luz solar nossas pupilas dilatam e podem expor a retina e o cristalino a essa radiação, favorecendo o surgimento de catarata e outras alterações da retina”.
Mudanças na cor dos olhos, como as feitas recentemente por influenciadoras digitais, também não são recomendadas. Outra preocupação é com a implantação de cílios postiços, que podem levar à obstrução de glândulas e desenvolver infecções. “Nenhum destes procedimentos é isento de riscos, portanto, não são recomendados pelos oftalmologistas”, aponta a médica.