Escultura Pietá, de João Turin, resiste aos bombardeios de uma guerra
A Pietá está hoje entre as quase 100 obras de João Turin que podem ser apreciadas no Memorial Paranista
Entre as muitas obras de João Turin (1878-1949) no Memorial Paranista, uma delas chama a atenção não só pela expressividade, pelos motivos religiosos, mas também por ter sido realizada na França. Trata-se de uma Pietá, que até alguns anos atrás era dada como perdida, pois se imaginava que havia sido destruída por um bombardeio durante a Segunda Guerra Mundial.
A obra primígena é uma escultura em baixo relevo em pedra, feita em 1917 quando o artista morava na França. Foi concebida para homenagear os combatentes mortos na Primeira Guerra Mundial da cidade de Condé-sur-Noireau, na região da Baixa Normandia. Instalada na Igreja de Saint Martin, a Pietá de João Turin tem uma representação de Jesus Cristo e da Virgem Maria, rodeados por nomes dos soldados falecidos em combate.
Um fato curioso é que por quase 70 anos, a escultura foi dada como destruída por outro conflito, a Segunda Guerra Mundial, que devastou a cidade de Condé-sur-Noireau com uma série de bombardeios em 1944. A Igreja de Saint Martin foi parcialmente destruída, mas a Pietá conseguiu se manter intacta. No entanto, boa parte dos arquivos da cidade foram destruídos, apagando vestígios da existência da obra e sobre seu autor. A Pietá caiu no esquecimento.
Somente em 2013 confirmou-se que aquela era uma obra de João Turin. Samuel Lago, um dos detentores dos direitos autorais do artista, comenta que até aquele ano, a única referência sobre a Pietá era uma foto do acervo do pesquisador Saul Lupion de Quadros adquirido pela família Lago, que realizou um resgate da vida e obra de João Turin.
A Pietá está hoje entre as quase 100 obras de João Turin que podem ser apreciadas no Memorial Paranista, construído em homenagem ao artista pela Prefeitura de Curitiba como um espaço para preservação e difusão de obras de arte. Possui uma área interna de exposição permanente com 78 esculturas de Turin em tamanho original que foram doadas pela Família Lago (detentora dos direitos autorais do artista) e pela SSTP Investimentos, para o governo do estado do Paraná, que emprestou as obras à prefeitura em regime de comodato.