Dores nas costas: estresse, sedentarismo ou má postura?
Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em março de 2020, muitas empresas adotaram o formato de trabalho remoto, para preservar a saúde de suas equipes, evitar circulação de pessoas e aglomerações nos ambientes de trabalho
Muitos se adaptaram ao trabalho em casa e não desejam retornar ao escritório. Entretanto, uma queixa se tornou comum entre os indivíduos que estão há um ano e cinco meses trabalhando no próprio lar: as dores nas costas.
A origem das dores levanta dúvidas em quem as sente: será estresse após uma longa reunião via vídeo na mesma posição? Ou, quem sabe, sedentarismo, já que algumas pessoas evitam sair de casa para praticar exercícios ao ar livre ou em academias? E a má postura, com cadeiras inadequadas ou mesas altas ou baixas demais? As dores nas costas continuam sendo a principal inimiga de quem trabalha sentado ou na mesma posição por longas jornadas, principalmente se não utilizam o aparato de trabalho correto. O Cirurgião de Coluna Rafael Sugino, responde às principais dúvidas das pessoas que sofrem com esse desconforto e explica maneiras de minimizar as dores e corrigir as falhas.
Dores nas costas trabalhando em casa
Segundo Rafael, problemas na coluna são influenciados pelo tripé composto da estrutura do organismo (genética), de como a pessoa faz a manutenção da coluna (prevenção) e de como ela faz uso do corpo (esforço). “A genética se refere à combinação dos genes do pai e da mãe e determina a resistência e as características da coluna do indivíduo. A manutenção do corpo é feita pelo fortalecimento de musculatura específica, atividade física na forma de exercícios e vida ativa. O uso da coluna se refere à demanda à qual o organismo é submetido”, explica Sugino.
Durante a pandemia, com o isolamento social, muitas pessoas passaram a ter hábitos alimentares menos saudáveis, como diminuição de atividades e exercícios físicos no dia a dia, ganho de peso e longas horas em posições inadequadas, com equipamentos menos preparados para a jornada de trabalho. “O resultado desses fatores de risco para a coluna pode ser o aparecimento de novas dores ou a piora de dores que já existiam”, complementa o profissional.
Trabalhar com posturas extremas que colocam a coluna vertebral em posições de sobrecarga (como sentado no chão, na cama ou no sofá) acabam por submeter o organismo a estresses atípicos ou inadequados, o que pode resultar em novas lesões, ou enfraquecer a estrutura da coluna e acelerar o seu desgaste.
A cadeira ideal
Sugino explica que alguns pontos importantes devem ser considerados para a escolha correta da cadeira e do assento para o trabalho e, assim, não prejudicar a coluna. “O primeiro ponto de atenção é escolher uma cadeira com assento de espuma compatível com o peso da pessoa que irá utilizá-la. A altura do indivíduo e o comprimento da coxa devem estar alinhados com o assento: este deve contemplar a região das nádegas até próximo ao joelho dobrado, e ter a largura compatível com as pernas e nádegas. O tamanho do apoio das costas deve ser considerado e acomodar bem a região lombar, assim como a região torácica.
Ter um apoio para cotovelos e braços também ajuda no suporte dos membros, o que tira a tensão na região dos ombros e consequentemente pode gerar um alívio de dores na coluna cervical e região dorsal. O ajuste de altura da cadeira deve permitir que o indivíduo fique com os pés totalmente apoiados no chão, com os joelhos e os quadris dobrados em aproximadamente 90 graus”, salienta Sugino.
O fator de conforto que a cadeira oferece também deve ser prioridade. Por isso, é importante experimentar a cadeira antes de comprá-la. E se a compra for via internet, atentar-se às avaliações de quem já comprou e buscar lojas de confiança.
Estresse pode piorar as dores?
Segundo o ortopedista, o estresse atua como fator não físico nas dores de forma geral. “Normalmente, ambos os fatores físicos (artrose, degeneração, inflamações) e não físicos (estresse e ansiedade) atuam como coparticipantes das dores nas costas. Em cada caso, é importante entender o grau de participação de cada fator no quadro de sofrimento do indivíduo e buscar tratamento com profissionais especializados”, finaliza Sugino.