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CUIDAR DA “CASA COMUM”

Por Pe. Osni dos Anjos

A mensagem central da encíclica “Laudato Si”, “Louvado Sejas”,  a primeira do Papa Francisco produzida integralmente por ele, está na ideia que se repete ao longo de suas páginas: “tudo está conectado”. É com a menção ao “Cântico das Criaturas” de São Francisco de Assis que o Papa inaugura o seu texto, trazendo à nossa memória essa oração do patrono mundial da Ecologia.

Esse documento nos insere na angustiante verdade de reconhecimento mais uma vez, de que a ação humana, a partir da evolução tecnológica, tornou possível muitas conquistas, mas não sem um preço alto a pagar, pois tais ações geraram e geram grande impacto tanto no globo terrestre quanto ao próprio homem, com consequências desastrosas.

Uma questão, dentre tantas é: se há esperança para o ser humano e para a humanidade, uma vez que para poder viver em sociedade o sujeito necessita abrir mão de certas pulsões para haver um certo equilíbrio e boa convivência na civilização? Como falar em preservar se todos, mas todos mesmo, seguimos usufruindo da natureza desastrosamente?

Sem contar o princípio bíblico “dominai sobre a criação…” conforme a narrativa do Gn 1,28 que, por ser mal compreendida, parece legitimar a submissão de tudo ao  prazer do homem.  Será que o sujeito está disposto a abrir mão do prazer e do desprazer de dominar e usufruiu da criação até a aniquilação?

Freud chegou a acreditar em O futuro de uma ilusão, que haveria alguma esperança de que o progresso da razão cientifica pudesse levar o ser humano a criar condições melhores para a sua vida no mundo. Porém, em o Mau estar na Civilização, o foco muda e a questão crucial estaria mais em saber até que ponto o desenvolvimento cultural dos seres humanos conseguiria “dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição?” (Freud, 1996.a, p.147).

Ao invés de pensar em grandes soluções, o Papa chama a atenção para a atuação e as práticas que as comunidades podem realizar para promover a conscientização acerca do cuidado da Casa Comum. É a famosa frase “cada um deve cuidar do seu quintal”, porém sem esquecer-se de “zelar pelo quintal do vizinho”, pois não basta retirar o lixo do meu quintal e jogá-lo no do vizinho, ou retirar o lixo do nosso país jogando-o no mar ou num pais vizinho… Há que se tomar consciência de que “estamos conectados”.  Muitas vezes, as discussões teóricas buscam “culpados”, porém nos esquecemos que as mudanças verdadeiras ocorrem a partir da base, ou seja, da responsabilidade assumida por cada um.

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