Como dietas radicais prejudicam o corpo e a mente
Existem milhares de planos milagrosos que prometem emagrecimento rápido por meio de restrições, shakes e suplementos
Ao se depararem com uma dieta de algumas semanas, muitas pessoas testam o regime e perdem alguns quilos. Em pouco tempo, voltam a comer normalmente, e o peso também retorna – e esse padrão se repete por diversas vezes.
As pessoas que lutam para conquistar o corpo dos sonhos conhecem muito bem o ganho de peso sazonal, ou o famoso efeito sanfona. Para David Wiener, especialista em nutrição, o problema está no fato de que essas dietas radicais não funcionam. “Estimativas mostram que quase 80% das pessoas que emagrecem com restrições bruscas ganham o mesmo peso de volta, ou até alguns quilos extras”, explica.
Segundo Wiener, essas dietas não são sustentáveis a longo prazo. “O efeito sanfona prejudica a saúde das pessoas. Entrar e sair de dietas extremas não é apenas frustrante, mas também compromete o bem-estar do corpo e da mente”, pontua. E o especialista explica os motivos:
1) O metabolismo fica desregulado
“O organismo tem instintos intrínsecos e um deles é permanecer vivo. Ao fazer uma dieta extrema, baixando as costumeiras 2.000 calorias por dia para 1.200 calorias, por exemplo, o corpo entra no modo de sobrevivência”, explica Wiener. O corpo passa a agir da seguinte maneira: as células adiposas produzem um hormônio chamado Leptina, que indica ao cérebro que o organismo já consumiu gordura suficiente. Mas, ao perder a gordura corporal por meio da dieta, os níveis de Leptina também caem, fazendo com que a pessoa se sinta “esfomeada”. Com isso, ela fica mal-humorada e só consegue pensar em comida.
Essa é a estratégia do corpo para fazer com que um indivíduo não passe fome. Para piorar a situação, durante uma dieta de baixa caloria, o corpo queima menos calorias em um esforço para economizar energia. A fome extrema faz com que muitas pessoas interrompam a dieta e passem a comer em excesso, mas o metabolismo mais baixo faz com que elas ganhem mais peso do que perderam, pois o corpo reduziu os esforços para queimar calorias enquanto tentava estocar reservas de gordura.
2) Ameaça o bem-estar emocional
“Nada desencadeia mais emoções negativas sobre comida e imagem corporal do que a dieta”, alerta Wiener. Estar sempre com fome, sem comer o que gosta e ainda não perceber resultados no espelho pode ser muito prejudicial para o bem-estar emocional. Além disso, é preciso se preocupar com a relação com a comida, explica: “Muitas pessoas têm uma relação distorcida com os alimentos, vendo-os como bons ou ruins, ou como uma recompensa ou uma punição. Isso se intensifica em uma dieta extrema, que transforma o comer no centro das atenções”.
As dietas da moda encorajam o pensamento de curto prazo e fazem com que pareça muito fácil perder peso, mas como esses planos alimentares são extremos e insustentáveis, os que se aventuram por elas desistem e ainda se sentem fracassados. “Esses sentimentos de impotência podem desanimar, quando, na verdade, o fracasso é da dieta, e não da pessoa”, destaca o especialista.
3) Altera a flora intestinal
Alguns estudos mostram que a perda e o ganho de peso repetidos podem desequilibrar as milhares de bactérias, conhecidas como flora intestinal. Esses agentes microscópicos são responsáveis por diversas funções: desde manter um sistema imunológico forte e ajudar na digestão, até diminuir a inflamação e produzir as vitaminas B e K. “Essas bactérias são muito importantes, então enfraquecê-las pode potencialmente causar muitos problemas ao corpo”, explica Wiener.
Para o especialista, não há dieta milagrosa, e perder e ganhar peso repetidamente é uma batalha em que a saúde sai perdendo. “Conseguir um corpo definido requer mudanças permanentes na mentalidade e nos hábitos, começando com pequenos passos na alimentação e exercícios que estabelecem um ciclo positivo em ação”, pontua.
LEGENDA: Estimativas mostram que quase 80% das pessoas que emagrecem por meio de restrições drásticas ganham o mesmo peso de volta
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