Acolhidos da FAS agora são voluntários
Luiz Alves de Siqueira, 60 anos, é atendido na Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) Bairro Novo, no Sítio Cercado, que abriga pessoas em situação de rua
Na infância, ele ajudava os pais nas plantações de café no Norte do Paraná e se encantou com a Fazenda Urbana de Curitiba logo na primeira visita feita com outros acolhidos pela Fundação de Ação Social (FAS).
Siqueira faz parte de um grupo da UAI Bairro Novo que se tornou voluntário na Fazenda Urbana e agora ajuda a cuidar semanalmente dos canteiros do espaço da Prefeitura dedicado à educação para prática agrícola sustentável nas cidades.
“A Fazenda Urbana é linda demais, é um paraíso. A gente se sente muito bem e livre”, conta Siqueira.
O grupo também cultiva, desde 2018, uma horta na UAI Bairro Novo. Nos canteiros do local, eles colhem verduras e hortaliças como beterraba, quiabo, repolho roxo, radite, alfaces e escarola.
Emanoel Vieira de Melo, 59 anos, também é acolhido da unidade da FAS e agradece poder colaborar com as atividades na Fazenda Urbana. “Para mim é um prazer. Quanto mais eu mexo com a terra, mais eu me sinto feliz”, afirma ele.
Iniciativa
O pedido para poderem trabalhar como voluntários na Fazenda Urbana partiu dos próprios acolhidos na UAI depois de conhecerem, no mês passado, o espaço agrícola no bairro Cajuru.
“Na visita, eles tiveram orientações da equipe da Agricultura Urbana da Prefeitura e ficaram maravilhados com o local. Quando eles nos pediram para participar, logo entramos em contato para saber como eles poderiam se voluntariar para cuidar dos canteiros do espaço no Cajuru”, lembra Kassandra de Fátima Hoffmann, coordenadora da UAI Bairro Novo.
A unidade de acolhimento da FAS tem capacidade de atendimento para 65 famílias ou pessoas em situação de rua com vínculos rompidos ou fragilizados, a fim de garantir sua proteção integral.
Benefícios
A educadora social da UAI Bairro Novo, Claudete de Macedo Russi, conta que a atividade na horta do local já trouxe benefícios para a saúde física e mental dos acolhidos. “Funciona como uma terapia. Eles se sentem mais estimulados e ajuda no tratamento deles”, afirma. Ela acredita que o trabalho de voluntário na Fazenda Urbana deve beneficiar ainda mais o grupo.
Infraestrutura
Em uma área de 4.435 m², ao lado do Mercado Regional do Cajuru, a Fazenda Urbana reúne os mais modernos métodos de plantio de alimentos saudáveis, sem agrotóxico. São mais de 60 variedades agrícolas orgânicas cultivadas, com a produção de frutas, legumes e verduras, além de ervas, temperos, chás e plantas alimentícias não convencionais (pancs).
A Fazenda Urbana de Curitiba é administrada pela Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN).
O local tem também estufas de culturas mais sensíveis (como tomate, pepino, rúcula e outros) e para mudas destinadas às 100 hortas urbanas da capital, além de canteiros elevados para cadeirantes.
O complexo conta ainda com central de compostagem de resíduos orgânicos, banco de alimentos para o Mesa Solidária e um contêiner que funcionará como sala de aula.
O secretário de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi, reforça que a Fazenda Urbana, além de ser um complexo dedicado à educação para prática agrícola sustentável nas cidades, também funciona como espaço terapêutico. “O trabalho nas hortas ajuda a resgatar memórias e autoestima, a trazer bem-estar por mexer com a terra, a incentivar a convivência e até a tratar casos de dependência ou depressão”, salienta.
Visitas semanais à Fazenda Urbana de Curitiba podem ser agendadas no site Aprendere da Prefeitura.