A crise que provoca esperança, solidariedade e gratidão
Por Pe. Osni Dos Anjos, Reitor do Santuário São Francisco de Assis
Dizem que “a esperança é última que morre” e parece haver muita verdade e sabedoria neste ditado popular. Há no ser humano uma esperança que não cessa de pulsar jamais, pois ali onde tudo parece se haver perdido segue persistindo a existência. Heidgger fala do “ser jogado aí no mundo”, isso soa como se estivéssemos desamparados e isso não verdade porque Deus está conosco.
Nestes últimos dias, em tão poucos, vivemos mudanças radicais em nossas vidas, o modo como nos relacionamos mudou completamente e tudo o que achávamos saber sobre o mundo e a vida foi colocado em cheque, diria de “cabeça para baixo”.
Não muito raro encontrarmos pessoas desanimadas e sem rumo, pois o que tinham como certo, agora já não o é mais. “Muitos não acreditam mais na meta da vida, vivem a dor com desespero porque não veem nada além da dor”.
Entretanto, o ser humano possui uma capacidade de resiliência extraordinária, sabe se reinventar e ressignificar a vida de modo que a esperança o coloca em caminho e o seu primeiro fruto é a solidariedade. As pessoas começam a abandonar o egoísmo e o consumismo desenfreado e passam a prestar mais a atenção ao próximo que com nossa ajuda retomam sua dignidade.
Interessante que essa esperança que não decepciona, gera solidariedade e como consequência conduz à gratidão. Quantos de nós nestes dias já nos “pegamos” a nós mesmos, surpresos, agradecendo, sendo gratos, por termos tantos bens, saúde, família, amigos e também por podermos partilhar com os que não tem.
É, a vida renascerá e, obviamente, não seremos mais os mesmos, algo mudou, está mudando e mudará em nós. Muitos passarão a ter fé, mais forte do que antes. Este é o momento de dizer que acreditamos em Deus, que Ele é o nosso Pastor, Nele encontramos segurança, Ele restaura nossas forças. Quando somos chamados a enfrentar as crises, devemos nos lembrar que a promessa de Deus não decepciona: “Estarei com vocês todos os dias até o fim dos tempos.”
Temos aí então nossas armas contra a pandemia e suas reais consequências: esperança, solidariedade, gratidão e fé.