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A VIDA NÃO PODE PARAR

Pe. Osni dos Anjos

Temos que falar de esperança. Num tempo tão ímpar, em que muitas vezes é difícil encontrar razões para ter esperança, aqueles que depositam a sua confiança em Deus têm mais do que nunca o dever de “…estar sempre prontos para dar a razão da esperança a todo aquele que a pedir”.(1Pd 3,15), ou seja, quando muitos se aproximam de nós desanimados, cansados e com fardos pesados a carregar, somos chamados, como uma missão mesmo, a dar testemunho da esperança.

Na Bíblia a esperança é muitas vezes expressa através da noção de “promessa”. Quando Deus entra em relação com os homens há de imediato a promessa de uma vida maior, tal como na história de Abraão: “Te abençoarei e, através de você, todas as famílias da terra serão abençoadas” (Gn 12, 2-3). Quando um toma posse da benção, muitos também se tornam abençoados.

E o que é uma promessa? É uma realidade dinâmica que abre novas possibilidades na vida humana. A promessa nos convoca a olha para o futuro, enraizados numa relação com Deus que convida: “sai de sua terra, vai…”, que nos chama a fazer escolhas que mudam o rumo da nossa história.

São Paulo é ainda mais claro quando afirma: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Longe de ser um simples desejo para o futuro sem garantia de realização, a esperança cristã é a presença do amor divino em pessoa, o Espírito Santo, fonte de vida e criatividade que nos leva para o oceano de uma comunhão em plenitude.

A esperança bíblica e cristã não significa uma “vida nas nuvens”, como uma fantasia de um mundo melhor, pois não é uma simples projeção do que gostaríamos de ser ou de fazer, mas conduze-nos a ver as sementes deste mundo novo já presentes no hoje. Ainda mais, esta esperança é uma fonte de energia para viver de outra forma, fazer novas escolhas, para não seguir os valores ditados pelos outros, mas se refere ao desejo singular de ser livre, de escolher e de confiar.

Esperar é, portanto, descobrir nas profundidades do nosso hoje uma vida que segue em frente e que nada, nada mesmo a pode parar. É ainda acolher esta vida com um “sim” de todo o nosso ser, vivendo inteiros, lançando-nos, sem medo, pois somos levados a depositar aqui e agora, no caminho da nossa existência, sinais de um outro futuro, renovado, porém já a partir das pequenas e significativas decisões tomadas no agora.

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