Uma passagem bíblica que nos faz refletir é Lc 5,1-11, a “pesca milagrosa”, quando Jesus pede que “avancem para águas mais profundas”

O Mar da Galileia permaneceu calmo, tranquilo e continuou a oferecer suas águas ao trabalho ativo dos pescadores. Porém, para os pescadores, agora nada é igual: a palavra irresistível desequilibra a vida, muda definitivamente o curso dos pensamentos e dos sentimentos. Os desejos se tornam infinitos, a batida do coração já acompanha uma existência nova e diferente.

Assim começa, também para cada um de nós, a aventura cristã. Um chamado essencial, claro, simples e inequívoco interrompe nossos passos habituais, para-os, fascinando e assustando, no limiar de um novo caminho para nós, em que alguém nos precede e diz: “Segue-me!”.

Ele fala a cada um de nós, um a um, chamando pelo nome, individualmente, pessoalmente, de forma insistente, irresistível. Os sons e o alarido, os sussurros e os gritos, dentro dos quais se desenrola o fio dos nossos dias conturbados, opõem-se como uma barreira, mas a voz é mais forte: parece nascer e renascer constantemente das profundezas da consciência, para emergir na encruzilhada de todas as questões para as quais não podemos encontrar uma resposta, para oferecer incansavelmente como uma possibilidade inesperada.

Seria um convite? Um mandato? Não, mas trata-se de seguir juntos, com Ele à frente e nós atrás Dele, no mesmo ritmo, olhando-se nos olhos, por todas as estradas do mundo, em todas as situações da vida. Na unidade e na totalidade do mundo não há anonimato: todo homem tem uma relação com Deus, que é a de ser um com Ele, desde sempre e para sempre, é preciso escutar a Sua voz. Sabemos bem, pois essa rima intacta do nosso coração O conhece, por isso nos torna capazes de reconhecer a voz quando nos chama pelo nome: “vem e segue-me”.

Pe. Osni dos Anjos Reitor do Santuário São Francisco de Assis Contato: pe.osni@gmail.com