Um pouco de fé já é ter fé
Por Pe. Osni Dos Anjos, Reitor do Santuário São Francisco de Assis
Ao abrir o Evangelho, cada um pode dizer para si mesmo: estas palavras de Jesus são um pouco como uma carta muito antiga, que me foi escrita numa língua desconhecida; mas, como foi escrita por alguém que me ama, vou procurar compreender o seu sentido e vou desde logo tentar pôr em prática, na minha vida, o pouco que descobri, parece ser essa uma boa metáfora.
No início, não importam os grandes conhecimentos, claro que eles têm um grande valor, mas é através do coração, nas profundezas de si mesmo, que o ser humano começa a descobrir o mistério da fé. Os conhecimentos virão a seguir e não são adquiridos de uma só vez. Uma vida interior elabora-se passo a passo e, hoje, mais do que nunca, penetramos na fé avançando por etapas.
No mais profundo da condição humana repousa a espera de uma presença, o desejo silencioso de uma comunhão e nunca esqueçamos: este simples desejo de Deus é já o começo da fé.
Além disso, ninguém consegue compreender sozinho todo o Evangelho e todos podem dizer para si mesmos: nesta comunhão única que é a Igreja, o que eu não compreendo acerca da fé, outros compreendem e vivem. Não me apoio apenas sobre a minha fé, mas sobre a fé dos cristãos de todos os tempos, os que me precederam, desde a Virgem Maria e os apóstolos até aos cristãos de hoje e que dia após dia, disponho-me interiormente a confiar neste mistério.
Então se compreende que a fé, a confiança em Deus são realidades muito simples, tão simples que todos poderiam acolhê-las. É como um impulso, mil vezes sentido ao longo da nossa existência e até ao nosso último suspiro.