90% dos casos de intoxicação ocorrem dentro de casa
18% dos casos de intoxicações na infância ocorrem no Paraná. E a maior parte acontece dentro de casa
Por isso, em um período em que as pessoas estão mais dentro de casa, é preciso redobrar os cuidados com os pequenos. Foi para falar desse tema que o programa Assembleia Entrevista, da TV Assembleia, convidou a bióloga da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria Estadual da Saúde, Juliana Cequinel.
Como os números constatados no estado são altos, a Secretaria lançou a campanha de “Prevenção do Envenenamento Infantil” neste mês de outubro, aproveitando as comemorações do Dia da Criança para fazer o alerta.
Ao longo da entrevista, Juliana explicou que a maior parte dos envenenamentos ocorre dentro de casa e que os medicamentos são os que mais causam intoxicação. “Quase 90% dos casos acontecendo em casa é um sinal de alerta para pais e responsáveis, porque quase metade desses casos é por medicamentos. Significa que as crianças, que são curiosas por natureza, estão tendo acesso facilitado a eles”, indicou.
A automedicação, a superdosagem e o uso de remédios errados também preocupam os especialistas. “Remédios só devem ser administrados por recomendação médica. Ainda mais, quando se trata de crianças. Já as dosagens e a utilização de forma errônea, muitas vezes, ocorrem por falta de atenção dos pais mesmo. Um frasco errado ou a simples falta de uma leitura na receita ou na bula”.
Produtos de limpeza também estão entre os principais causadores de intoxicação em crianças e pelos mesmos motivos que os medicamentos: acesso fácil e os atrativos das embalagens. “Normalmente, são coloridas, cheirosas. E se estão em um local de fácil alcance, é natural que os pequenos coloquem na boca”, alertou a bióloga. “A orientação é que sejam armazenados em lugares mais altos e, de preferência, em armários trancados”, complementou.
Juliana também orientou que as pessoas não armazenem em casa raticidas ou inseticidas. “São produtos muito tóxicos e que só devem ser armazenados por empresas autorizadas pela vigilância sanitária. E não estou falando apenas dos líquidos. Mas daqueles que são utilizados em tomadas, que podem ser facilmente confundidos com doces ou pastilhas pelas crianças”.
A faixa etária onde se registram mais casos de intoxicação é por volta dos quatro anos de idade. Segundo Juliana Cequinel, isso ocorre justamente pela curiosidade que essa faixa etária tem. “É a fase da experimentação oral. Ou seja, é quando os pequenos querem levar tudo à boca”.
Plantas também podem causar intoxicação
Nas residências que ficam no meio rural, por exemplo, o cuidado é com os agrotóxicos. Inclusive com pulverização de lavouras. Nas cidades, cosméticos e produtos de higiene pessoal também podem representar perigos para os pequenos. E as plantas? Até elas, quem diria, podem ser ameaças em caso de envenenamento. “Muitas plantas ornamentais têm compostos tóxicos. Por exemplo, a Comigo-Ninguém-Pode, o Antúrio e o Copo-de-Leite que podem não apenas intoxicar por ingestão, mas pelo toque na pele, no olho”, diz Juliana. As atenções devem estar voltadas para os sintomas, que vão de uma irritação às náuseas, vômitos e até convulsões. “Nesse caso, nós orientamos que os pais levem imediatamente as crianças para atendimento médico e se possível levar as embalagens dos produtos ingeridos para que a conduta médica seja mais assertiva”, concluiu.
Também é possível ser orientado pelo telefone do Centro de Controle de Envenenamento: 0800-410148, a qualquer hora do dia ou da noite. O atendimento funciona 24 horas.
LEGENDA: Bióloga da Secretaria Estadual da Saúde (SESA) falou sobre a frequência dos casos, orientando e explicando as principais formas de envenenamento de crianças pequenas – Foto: Divulgação